Emoção pode ser definida como uma agitação de sentimentos, um abalo afetivo ou moral, uma perturbação ou comoção.
Em Psicologia significa uma reação orgânica de intensidade e duração variáveis, geralmente acompanhada de alterações respiratórias, circulatórias, etc., e de grande excitação mental (Dicionário Houaiss). Em outras palavras, emoção refere-se a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos e uma gama de tendências para agir. (Daniel Goleman, em Inteligência Emocional).
Há centenas de emoções, juntamente com suas combinações, variações, mutações e matizes. Duas das emoções mais intensas do ser humano são a vergonha e a culpa e as suas variações e/ou derivações: vexame, mágoa, remorso, humilhação, arrependimento, desonra, indignidade, etc.
Vergonha e culpa são duas emoções negativas e resultam da avaliação que o indivíduo faz em relação a atitudes, falhas, erros, transgressões, etc, que são cometidos, tendo em conta valores e regras que são aceitáveis para si.
De forma bem simplificada, podemos dizer que a culpa está relacionada a uma avaliação negativa de um comportamento específico não afetando sua própria identidade. É interessante observar que o termo alemão para culpa (schuld) também pode significar dívida. A culpa motiva uma ação reparadora, um pedido de desculpas ou uma tentativa de desfazer o mal causado. Já a vergonha tem como consequência uma avaliação negativa de si próprio, acompanhada por um sentimento de desvalorização, impotência, rejeição, inadequação ou inferioridade.
Os sentimentos provocados pela vergonha têm origem numa confusão relativamente comum: mistura-se a própria individualidade com o comportamento. E também é comum estes sentimentos serem potencializados por conta da comparação com outras pessoas (os outros são melhores!).
E o que o perfeccionismo tem a ver com isto tudo?
Simples: Ele é um mecanismo de defesa. É a crença de que é possível diminuir ou evitar a vergonha (ou a culpa) caso algo (não importa o que) seja feito com perfeição. Perfeccionismo não é busca pela excelência ou desenvolvimento pessoal. É uma tentativa de obter aprovação e aceitação.
É fundamental entender a diferença entre esforço saudável e perfeccionismo. Enquanto esforço saudável põe foco na própria pessoa, no perfeccionismo, o foco são os outros. Um pergunta “Como eu posso melhorar?”, enquanto o outro pergunta “O que os outros vão pensar?”.
O perfeccionismo é um desvio perigoso, que não nos leva ao sentido da vida ou aos nossos talentos. Por si só, o perfeccionismo é autodestrutivo, já que não existe nada que seja perfeito. Temos a ilusão que o perfeccionismo nos protege, mas na realidade ele nos impede de decolar.
De acordo com Brené Brown (em A Arte da Imperfeição), o perfeccionismo pode abrir as portas para a depressão, o nervosismo, vícios e paralisia na vida. Quantas oportunidades são perdidas na vida por termos medo de mostrar ao mundo algo incompleto ou imperfeito? Quantos sonhos deixamos de perseguir devido ao nosso medo de errar ou fracassar? A quem estamos efetivamente desapontando? Aos outros ou a nós mesmos?
Quem é perfeccionista tem medo de arriscar, pois ao fazê-lo, coloca seu valor pessoal em jogo.
Livrar-se do perfeccionismo requer uma viagem de autoconhecimento. É necessário tomar consciência das vulnerabilidades e desenvolver resiliência a elas. Analisar nossos medos e mudar a forma como falamos conosco são duas medidas essenciais para superar o perfeccionismo.
Como a própria autora diz: “É no processo de aceitar nossas imperfeições que descobrimos nossos verdadeiros dons: coragem, compaixão e conexão”.